Moradores relatam caos urbano causado por carretas da empresa; Ministério Público já foi acionado.
Por Redação Investigativa
Em Serra dos Aimorés, no Vale do Mucuri, a rotina pacata deu lugar ao barulho ensurdecedor de carretas pesadas. Caminhões ligados à gigante Suzano Celulose cruzam diariamente as ruas estreitas da cidade, transportando cargas que chegam a ultrapassar 80 toneladas. O resultado é devastador: buracos no asfalto, rachaduras em residências, rompimentos de canos e o colapso do sistema de esgoto.
Os moradores afirmam que a empresa utiliza vias urbanas como rota permanente para o escoamento da produção, sem respeitar limites de peso ou áreas residenciais. A Prefeitura, pressionada pela população, acionou o Ministério Público e pede que a Suzano adote rotas alternativas fora do perímetro urbano.
Desgaste físico e emocional
O som constante dos motores e o tremor das carretas têm tirado o sono de idosos e crianças. Gestantes relatam crises de ansiedade e famílias inteiras abandonaram suas casas em busca de tranquilidade. “A gente não dorme mais. As janelas tremem, o chão balança e as paredes estão rachando”, desabafa uma moradora do bairro Panorama.
Durante a safra, o tráfego é ainda mais intenso. Estima-se que cerca de 70 carretas por dia cruzem a cidade vindas de Umburatiba, Medeiros Neto, Itanhém e outras localidades. Com cargas que passam das 100 toneladas, os veículos transformam as ruas em crateras e os bairros em verdadeiros campos de poeira e lama.
Escolas sob ameaça
As escolas também sofrem. A Estadual Vanda Reuter e a Municipal Deputado Castro Pires estão a poucos metros das rotas mais movimentadas. Professores relatam que o barulho interrompe aulas e causa medo entre os alunos. “Quando a carreta passa, a gente para de falar. As carteiras vibram”, contou uma docente.
A cidade pede socorro. Serra dos Aimorés não quer mais ser lembrada como vítima da negligência industrial. A população exige que a Suzano ouça os apelos e pare de destruir o que resta da sua tranquilidade.
